domingo, 28 de outubro de 2007

Eclipse lunar







Um eclipse lunar é um fenômeno de eclipse que ocorre quando o Sol, a Terra e a Lua se alinham. Se esse fenômeno ocorre durante a fase da Lua Cheia, quando a Lua passa pela sombra da Terra, ele é denominado eclipse da Lua, ou eclipse lunar. O tipo e a duração do eclipse lunar dependem da localização da Lua em relação à sua órbita.

Eclipses lunares 2003-2010

Data

Tipo

Visível onde

Duração

9 de Novembro de 2003

Total

Américas, Europa, África, Ásia Central

24 min

4 de Maio de 2004

Total

América do Sul, Europa, África, Ásia, Austrália

1 h 16 min

27 de Outubro de 2004

Total

Américas, Europa, África, Ásia Central

1 h 21 min

24 de Abril de 2005

Penumbra

Américas, Austrália, Pacífico, Extremo Leste da Ásia

4 h 10 min (duração total do eclipse)

17 de Outubro de 2005

Parcial

Canadá, Austrália, Pacífico, Ásia

58 min

14 de Março de 2006

Penumbra

Europa e África

1 h

7 de Setembro de 2006

Parcial

África, Ásia, Austrália, Europa

1 h 28 min

3 de Março de 2007

Total

Todos os continentes

1 h 14 min

28 de Agosto de 2007

Total

Ásia, Austrália, Pacifico, Américas

1 h 31 min

21 de Fevereiro de 2008

Total

Pacifico, Américas, Europa, África

51 min

16 de Agosto de 2008

Parcial

América do Sul, Europa, África, Ásia, Austrália

-

9 de Fevereiro de 2009

Penumbra

Europa, Ásia, Austrália, Pacífico

-

7 de Julho de 2009

Penumbra

Austrália, Pacifico, Américas

-

6 de Agosto de 2009

Penumbra

Américas, Europa, África, Ásia

-

31 de Dezembro de 2009

Parcial

Europa, África, Ásia, Austrália.

1 h 02min

26 de Julho de 2010

Parcial

Asia, Austrália, Pacifico, Américas

2 h 44min

21 de Dezembro de 2010

Total

Ásia, Austrália, Pacifico, Américas, Europa

3 h 29min

Predições por Fred Espenak, NASA

Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre.

BELA LUNA



Por duas vezes nessa semana esbarrei com a lua. Um daqueles encontrões estranhos que para acontecer é preciso levantar a cabeça enquanto se anda e esticar levemente o pescoço e as pupilas para cima. Fazer isso requer certa prática, senão o tropeço é fatal. Ao se encarar a lua corre-se o risco de os pés lamberem pedras ou outros objetos inadvertidamente parados no chão. Aí, lá se vai um xaboque do dedo. Um olhar instantâneo pra baixo; para onde a dor se instalou... E o encanto com a lua é quebrado. Nunca mais você o terá. Mesmo que no momento seguinte, entre um olhar pro chão e outro pro céu, você busque ansiosamente o mesmo encontrão.

Suspeito que algumas coisas na vida são únicas. Não gosto da idéia que me parece absoluta por demais de que tudo é único, nada é igual. Tem muita mesmice no cotidiano para eu ser sinceramente convencida de que cada átomo é único... Se bem que se penso em átomo, quimicamente hesito nessa idéia de homogeneidade. Se penso no tédio, tudo volta. Inclusive a certeza de que somente algumas coisas são únicas. Sentir-se entediado é realmente um saco, é tão chato, tão chato que nem vontade de ter raiva se tem. Mas, quando penso no tédio em si – abstraindo-me dessa sensação que insistentemente me invade, vendo-a apenas de forma abstrata e conceitual – chego a ter certa raiva de todo esse fastio.


Contudo, quando o enfado se instala, volto ao estado de letargia, com a fatigada esperança de que o tédio em breve enjoe de mim e vá aborrecer outrem. Mas, pelo menos, dessa vez o tédio me salvou. Salvou-me de discorrer inúmeras linhas sobre apatia e salvou você de ter que educadamente lê-las. Afinal, nada mais entediante do que descrever o tédio. Depois de liberta desse e por esse companheiro tedioso e deixando finalmente as lamúrias de lado – existe coisa mais aborrecida do que lamentações? Chegam até ser ridículas! – volto para a lua e eu.


Nosso primeiro encontro foi no começo da semana. Não consigo precisar o dia. Tenho problemas com datas. Elas se embaralham na minha cabeça sempre que preciso delas. Cismo até que é mais uma ironia das zilhões de arapucas onde, vira e mexe, em todas as vezes que necessito unir convenções sociais a sentimentos, cai inconscientemente meu coração... Esse primeiro encontro foi rápido. Ligeiro. Por entre alguns prédios e fios de alta tensão. Uma olhadela tão célere que nem o mais minucioso relógio suíço ou paraguaio conseguiria medir seu tempo. Nem o tempo que durou o encontro, nem o tempo do lamento pela perda do encanto. Não tropecei em pedras, nem perdi pedaços de carne dos meus membros inferiores. Mesmo assim, eu me descuidei e perdemos o encanto, a lua e eu. Isso às vezes acontece. Não se sabe exatamente como e nem quando, mas o encanto é rompido e na fresta que ele abre o tédio habita.


Nesse dia, aliás, nessa noite, a lua estava redondamente tímida, preparando-se para o seu apogeu mensal. Lembro que fiquei pensando: prefiro a lua assim àquela arrogância que enche o céu em noite de lua cheia. Iria até escrever sobre isso e defender veementemente o fim da ditadura da beleza nas noites de luar. Ressaltar a lua minguante como a mais linda de todas as fases lunares e revelar meu fascínio pelas estrelas que povoam de luz própria o universo. Por sinal, não seria um texto de todo falso. Sempre tive predileção pelas estrelas e uma simpatia gratuita pela fase minguante. Mas, adiei a escrita e no fim da semana esbarrei de novo com a lua...


E lá estava ela, com sua altivez arredondada e seus tons de amarelo. Totalmente farta. Soberba! Um novo encontro, um novo encanto. Esqueci por um instante o mundo. Hipnotizada, acompanhei seu vaguear por entre instalações de metais cujo vermelho brotou do concreto – fruto de um projeto de urbanização pública, de quando eu não me lembro – e hoje arranha meus olhos quando miro o céu. Infelizmente, no instante seguinte lembrei ser necessário respirar e pisquei os olhos. Novo descuido e encanto quebrado.


sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Receita de Moqueca de Arraia


Ingredientes – 100ml de azeite§ 2 dentes de alho amassados§ ½ cebola picada§ ½ pimentão picado§ 250g de arraia desfiada§ 100ml de leite de coco§ sal a gosto§ ½ tomate picado§ ½ maço de coentro.

MODO DE PREPARO:
numa frigideira, coloque o azeite, o alho, a cebola e, depois que tudo estiver douradinho, o pimentão.
Quando estiver cozido, coloque a carne de arraia, o leite de coco, o sal, o tomate e o coentro. Depois disso, é só deixar cozinhar na panela de barro.

PRATO DO DIA


Hoje o almoço foi arraia, mais precisamente, moqueca. Uma delícia! Moqueca extremamente temperada e molhada, acompanhada com arroz. E como sou bem cearense meu prato levou feijão. Gosto dessa mistura. Posso até dizer sem sombras de exagero que preciso dessa combinação. Um dia sem feijão parece-me um dia vazio... Não o vazio como o vazio que ficou depois de sua partida. Mais um dia vazio como o dia de quem não almoçou ou quando o almoço é pouco. Pessoas com dieta devem entender bem desse vazio de que falo. Pessoas com dieta... dieta... De repente, imaginei uma nova doença macabra, incurável e extremamente contagiosa. Já notou que quando existe alguém em dieta todo o ambiente procura imediatamente ficar magro e quase que num mesmo milésimo de segundo todos os neurônios de todos os mortais a um raio de 20 metros do ser em dieta passa a buscar em suas memórias todas as mandingas para emagrecer? Definitivamente, dieta é contagiosa. E por favor, não coloque culpa nos gordos! Eu não agüentaria outra desilusão! Mas, era su-cu-len-ta! A moqueca. Não a ausência que você sem querer, deixou.

Água na boca antes de comer. Gosto no arroto depois. O dia inteiro com o gosto na boca... Vai ver que é assim o protesto da arraia. Deixarmo-nos o dia inteiro com seu gosto forte no paladar. O gosto fica e me lembra de que é um gosto do passado. De um guloso momento de prazer. Mas, lembro também que a arraia está morta e literalmente virou comida não de peixe, mas de gente. Aí o gosto começa a causar desconforto, mal estar, ânsia. E nem todo dentifrício do mundo o elimina. Porque o gosto não está nos dentes nem na língua. Ele vem do estômago para a boca. Será que todos os gostos do passado ficam inconvenientemente amargos? Talvez, seja essa metáfora do amargo com o passado que nos faz lutar desesperadamente para nos livrarmos das lembranças. Coisa cruel é lembrança. Cruel e teimosa. Arteira também. Quando percebemos lá está ela de novo no presente. Lembrando, no presente, o passado... como agora, neste meu instante descuidado...


Mas, voltemos a falar de arraias. Tão impetuosas! Mais ave do que peixe! Penso que sejam rainhas do mar. Gosto do mar, das ondas e queria andar como astronauta no fundo do oceano. Saber dos peixes e das pedras e fazer meu cabelo como algas: bailarinas enraizadas. Brincava assim quando criança. Ainda brinco, é que são cada vez mais esparsas as minhas idas à praia. Deitava entre as pedras – naquelas piscininhas que o mar forma pra mostrar que não precisa de azulejos quando quer nos acolher – esticava as pontas do cabelo e ficava olhando: fios dourados nadando. Pensava em peixe, algas, plantinhas e secretamente imaginava que, na verdade, na verdade, eu era uma sereia que se perdeu em uma noite de maré cheia e que ficou na terra sem rabo de peixe. E quando eu nado no mar, com pernas juntas, secretamente relembrando meu rabo de sereia, quem olhar com precisão vai perceber que minhas pernas quando unidas mostram as nadadeiras que possuem nas pontas... Nasci às 19h30min de uma segunda feira. Então faz sentido eu ter me perdido – quando era sereia – numa noite de maré cheia...